03 julho 2017

manuel de castro / último poema possivelmente de amor




recorda
como se os dias não fluíssem em dias
e para ti fosse um nítido jogo de músculos
meu braço no teu corpo      anfiteatro
da mais pura derrota rumo às constelações

eis-me descoberta
de tudo que se arrisca sem limite
construído pela colaboração de globos de vidro
iluminados e submersos
para o teu nome
um novo mecanismo de linguagem
para o teu corpo
memória      ciclo perfeito
dos meus desejos de pedra e de violência

tu
única para quem fui     adeus     o homem sem comédia


manuel de castro
o surrealismo na poesia portuguesa
organização, prefácio e notas de natália correia
frenesi
2002








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