26 abril 2018

eugénio de andrade / rotina




Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.





eugénio de andrade
as mãos e os frutos
poesia
fundação eugénio de andrade
2000








Sem comentários: